O dogma Agostiniano sobre o livre arbítrio, a graça e a predestinaçào sucitaram aquecidas discussões desde a sua explanação por Agostinho. Quando alguns monges começaram a debater a idéia de Agostinho, ele mesmo teve que explicar-se em dois escritos o “DE GRATIA ET ARBITRIO” e “DE CORRUPTIONE ERT GRATIA”.
Como os semipelagianos interpretaram o dogma de Agostinho como FATALISTA, ele foi então atacado por estes. Mas a réplica veio em forma de dois escritos: “DE PRAEDESTINATIONE SANCTORUM” e “DE DONO PERSEVERANTIAE”. Enquanto na Gália o semipelagianismo crescia, os bispos de Roma não se interessavam em conflitos teológicos e por isso preferiam aceitar os dogmas de Agostinho.
Não resta dúvida que o dogma de Agostinho sobre a predestinação é absurdo, tanto é que na CONFISSÃO DE ORANGE (529 d.C.) os dogmas de Agostinho foram impostos. Um dos principais defensores do agostinianismo foi FULGÊNCIO DE RUSPE (533), ele era bispo no norte da África e foi autor da obra “CONTRA FAUSTUM”.
gravura de Fulgêncio
Fulgêncio dizia:
“Ninguém que fora escolhido na eternidade se perderia, e também, quem não tinha sido predestinado para a salvação não poderia ser salvo.”
Como a graça e a predestinação estão relacionados entre si, o dogma agostiniano sobre a graça dizia que o homem é incapaz de dar o primeiro passo para receber a graça divina e portanto Deus não espera até que o homem deseje ser purificado do pecado; em lugar disso, opera mediante o Espírito para implantar este desejo dentro de nós.
Uma grave consequência do dogma agostiniano sobre a salvação é que se Deus predestina alguns para os céus, os outros só podiam ser predestiandos para o inferno, e isto é conflitante com a imparcialidade do amor de Deus:
“Deus amou o mundo”. (João 3.16)
Mas a idéia da CEIA DO SENHOR como sendo símbolo do corpo e do sangue foi um dogma correto defendido por Agostinho. Pois ele dizia que não havia transubstanciação do pão em carne, nem do vinho em sangue.
O agostinianismo tinha um ponto de vista importante na questão da INSPIRAÇÃO DAS ESCRITURAS SAGRADAS, pois segundo este dogma os escritores sagrados recebiam no seu interior a iluminação divina, independente dos sentidos físicos, eles náo raciocinavam Deus, mas recebiam espiritualmente sua compreensão, é a chamada fé inspirada (FIDELIS INSPIRATA).
Os franciscanos (Ordem Religiosa Católica) seguiram o dogma agostiniano quanto a Ceia do Senhor em oposição ao dogma oficial do catolicismo que afirmava que os sacramentos agem (ex opere operato). Um franciscano que adotou o dogma agostiniano e importante defensor do símbolo e não da transubstanciação na ceia foi DUNS SCOTUS.
Vários dogmas iriam surgir na história e muitos deles seriam baseados no dogma agostiniano, porque Agostinho foi um dos mais fecundos escritores cristãos. O dogma agostiniano também influenciaria profundamente a vida de Lutero pois em 2 de julho de 1505 ele tornou-se monge agostiniano onde por essa ordem religiosa recebeu o sacerdócio católico romano.
No dogma agostiniano, Lutero apegou-se ao ensino sobre o pecado e a graça. A influência agostiniana também se faz presente na confissão Anglicana que seguiu estes princípios dogmáticos. Em tempos mais recentes novos conceitos teológicos surgiram oriundos do agostinianismo, em 1884 HENRI MARET, principal representante do ontologismo disse que há conhecimento intuitivo de Deus que é a base para o conhecimento da Verdade. De fato esta idéia agostiniana do conhecimento intuitivo é bíblica, mas também o conhecimento se adquire por revelação e pelo meio natural.